Mestres Salas Lendários: Mestre Delegado

Por Vitória de Moraes

Mestre Delegado, um dos maiores Mestres Salas que o nosso carnaval já teve, é o Primeiro Mestre Sala no qual relembramos hoje. É um dos Mestres Salas Lendários do carnaval do Rio de Janeiro que mostra o amor de um Mestre Sala a uma comunidade e uma bandeira.
Mestre Delegado no Desfile da Mangueira em 2005 | Foto: Marcelo Carnaval/Agência Globo

Hélio Laurindo da Silva, nascido em 29 de Dezembro de 1921, na localidade Santo Antônio, no Morro de Mangueira, desde muito cedo nutriu um amor por escola de samba, dança e carnaval. Em 28 de abril de 1928, quase 7 anos depois do seu nascimento, viu a sua escola de samba que anos depois iria te projetar para o mundo do samba e fora dele nascer.

Seus pais eram dançarinos de gafieira, teve contato muito cedo com dança, mas foi com Marcelino, o Mestre Sala fundador, que se encantou pela a dança que iria te consagrar como um dos maiores nomes do seguimento Mestre Sala.

Hélio, mais conhecido como Mestre Delegado, estreou na Estação Primeira de Mangueira no ano de 1943, com a Porta Bandeira Nininha Chochoba, num momento em que os desfiles ainda eram na Praça Onze, região que hoje é cinco minutos andando do Sambódromo da Marquês de Sapucaí e que inclusive é o lado par da concentração as escolas de samba.

Alto, altivo, media em torno de 1,90, chamava atenção por todos os locais que passava, um verdadeiro Mestre. Seu Hélio, não era delegado mas era autoridade na dança e no samba, mas também atraiu esse apelido de Delegado, que durante a sua juventude, tinha fama de galanteador e "prendia" as jovens com seu charme e com isso, Hélio virou Delegado.

Durante seus mais de trinta anos de carreira como Mestre Sala, dançou com diversas Porta Bandeiras lendárias do Rio de Janeiro e do Carnaval. Com Nininha Chochoba, fez sua estreia na Estação Primeira de Mangueira, com ela dançou de 1943 até o ano de 1953. Em 1954, estreou com a lendária Porta Bandeira Neide, com quem dançou até o ano de 1971. Deu uma pausa de 1972 até o ano de 1977, em 1978, voltou a dançar com Neide, que acabou se tornando o último Mestre Sala da carreira da Porta Bandeira, com quem dançou até o ano de 1980, após o carnaval veio a falecer e de em 1981, dançou até o ano de 1984 com Mocinha, com quem dançou na estreia do Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Em 1984 foi seu último ano como Mestre Sala.

Neide e Delegado no carnaval de 1978 | Foto: Anibal Philot - Arquivo Globo

Mestre Delegado é conhecido como Mestre dos Mestre Salas e um dos maiores Mestres Salas de todos os tempos no carnaval do Rio de Janeiro e que sá, do Brasil. Tinha um jeito muito próprio de dançar, dono de uma elegância única e era a mais perfeita tradução do sambista de almanaque. O talento que o fazia levitar em torno da porta-bandeira, guardando o pavilhão no preciso fundamento do mestre sala, transformou-se em lenda.

Seu Delegado criou um passo famoso "Parafuso da Morte" no carnaval do Rio, lá nos anos de 1950, no qual após o chapéu da Porta Bandeira, caiu no chão durante o desfile e ele envergou o tronco para trás e se reerguer sem tocar no chão. 

O Mestres dos Mestres nunca conheceu uma nota menor do que dez, em toda sua carreira como Mestre Sala, foram trinta e três anos dedicados ao oficio, sendo todos eles recebendo notas dez, nenhum outro Mestre Sala na história do carnaval conseguiu igualar este feito.

Seu Hélio foi aluno de Mercedes Baptista, a Primeira Bailarina Negra do Theatro Municipal e criadora do Balé Folclórico que carregou seu nome e exportou incalculáveis talentos para as artes no mundo inteiro. Foi homenageado no ano de 1998 com a Medalha Pedro Ernesto, condecoração máxima dada pela câmara dos vereadores da cidade do Rio de Janeiro.

Delegado deixou um pouco da sua história e do seu legado aos alunos da tradicional escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio. Até quinze dias antes de se sentir mal e se internar, Mestre Delegado deu consultoria aos alunos da tradicional escola, nesta época, as aulas ainda ocorriam na icônica quadra que fica no Setor 2 do Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

Delegado dedicou quase 84 anos de sua vida a Estação Primeira de Mangueira, nunca conheceu outro lugar, nunca dançou ou tocou em outra escola. Ele foi a própria personificação de amor e dedicação a uma escola de samba e uma bandeira, além de Mestre Sala, foi diretor de bateria e ritmista da Verde e Rosa.

Faleceu em 12 de novembro de 2012, em decorrência a um C.A de Próstata em um Hospital Particular na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Em 2022, foi homenageado pela a sua escola de samba de coração com enredo "Angenor, José & Laurindo", que além dele, homenageava Cartola e Jamelão, três bambas da Verde e Rosa. 

Postagem Anterior Próxima Postagem