Squel Jorgea e Raphael Rodrigues: O Casal que marcou o Carnaval de 2016

Por Vitória de Moraes

Antes de contar o sobre o histórico carnaval de 2016, é necessário contar quem era o casal envolvido na história que marcou o carnaval.

Squel e Raphael no Carnaval de 2015 pela Estação Primeira de Mangueira
Foto: David Normando | Futura Press | FolhaPress

Squel Jorgea Ferreira da Silva, nascida em 04 de Outubro de 1982, nascida em berço de sambistas, sua mãe era filha do lendário diretor de harmonia Olivério Ferreira, mais conhecido como Xangô da Mangueira e desfilava na verde e rosa e seu pai, desfilava na Acadêmicos do Grande Rio.

Desde muito cedo, Squel desfila em escola de samba, foi levada pelo seu pai, aos 6 anos para frequentar a escola de Duque de Caxias, já aos 9 anos de idade, começou a desfilar como primeira baianinha, aos 17 anos (em 1999) ganhou um concurso para ser 2ª porta bandeira e em 2001 para o carnaval de 2002, aos 19 anos, foi convidada para ser 1ª porta bandeira da Tricolor de Caxias. Por lá ela fez carreira, passou 13 anos da vida dançando na mesma escola, ninguém dançou tanto tempo na Grande Rio como ela dançou até então (juntando as funções de 1ª e 2ª Porta Bandeira).

Desde que assumiu a função de 1ª porta-bandeira da Grande Rio, em 2002, dançou com o Mestre Sala Sidclei Santos, a parceria foi desfeita quando para o carnaval de 2011, o par de Squel recebeu um convite para retornar ao Acadêmicos do Salgueiro, no qual iniciou a carreira.

Para o Carnaval de 2011, Luiz Felipe Rosa se tornou o seu novo par e a Acadêmicos do Grande Rio, veio com o enredo Y-Jurerê Mirim - A encantadora ilha das bruxas (Um conto de Cascaes) uma homenagem a cidade de Florianópolis, do carnavalesco Cahê Rodrigues. A escola perdeu todas as fantasias que eram feitas no local e todos os carros num incêndio na Cidade do Samba, exceto a fantasia do casal que era feita num ateliê fora do barracão.
Squel Jorgea no Carnaval de 2011 com o Mestre Sala Luiz Felipe
Foto: Autor Desconhecido

Para o ano de 2012, a Acadêmicos do Grande Rio decidiu manter o mesmo casal do ano anterior para o ano, o enredo foi Eu Acredito em Você. E Você? o tema central do enredo era sobre personagens conhecidos do país e do mundo de que alguma maneira usou da superação para alcançar seus objetivos. Este desfile culminou a ser o último desfile de Squel Jorgea na escola.
Para o carnaval de 2013, Squel decidiu que precisaria mudar novos ares profissionais e se transferiu para a Mocidade Independente de Padre Miguel. Seu novo Mestre Sala foi Feliciano Júnior. O enredo da escola foi sobre o Rock in Rio, desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, porém a parceria com o novo mestre sala durou apenas um ano quando Squel se transferiu para a Estação Primeira de Mangueira para 2014.
Raphael da Silva Rodrigues, nascido em 04 de maio de 1984, logo cedo se interessou pela dança do Mestre Sala, aos 8 anos de idade foi matriculado pela tradicional escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio.
Em 2001, aos 17 anos, foi convidado para ser o 2º Mestre Sala da escola Boi da Ilha, no mesmo ano se destacou no posto e no ano seguinte foi convidado para ser 1º Mestre Sala. No seu ano de estreia, conquistou a nota máxima no quesito. Permaneceu na escola até o ano de 2003. Em 2004 dançou pela Leão de Nova Iguaçu, porém, logo chamou a atenção da Unidos de Vila Isabel e foi convidado a fazer par com Rute Alves. Em 2006, Raphael foi campeão do carnaval pela Vila com o enredo Soy Louco por Ti. América, a Vila Canta a Latinidade. Permaneceu até em 2007 na escola.
Em 2008, teve uma breve passagem pela Unidos do Viradouro e dançou com Simone Pereira.
Em 2009, foi pra Mocidade Independente de Padre Miguel fazer par com a Porta Bandeira Marcella Alves, que já estava na escola desde o ano de 2006. O enredo da escola foi Mocidade apresenta: Clube Literário Machado de Assis e Guimarães Rosa, estrela em poesia! desenvolvido pelo Carnavalesco Claudio Cebola e as notas do casal foram uma nota 10, duas notas 9,9 e uma nota 9,8. Depois do carnaval, o casal se transferiu pra Estação Primeira de Mangueira, onde dançaram juntos até o carnaval 2013.

Para o ano de 2014, Marcella decidiu retornar para a escola que a projetou, o Acadêmicos do Salgueiro e houve a substituição de Porta Bandeira na Estação Primeira de Mangueira, já que Raphael já estava renovado na escola.

Squel, recém saída da Mocidade Independente de Padre Miguel, decidiu estreitar os laços com a Mangueira, onde sua família materna tem laços com a verde e rosa. No carnaval de 2014, o casal estreou na escola com o enredo A Festança Brasileira Cai no Samba da Mangueira, desenvolvido pela carnavalesca Rosa Mangueira e receberam três notas 9,9 e uma 9,8. 

Em 2015, a Estação Primeira de Mangueira entrou no Sambódromo da Marquês de Sapucaí com um jejum de 13 anos sem ganhar um campeonato, o último havia sido em 2002. O enredo da escola era em homenagem as Mulheres Brasileiras e as Mulheres de Mangueira. Esse desfile foi mais um das sequências de desfiles problemáticos da escola dos últimos anos. 

O enredo foi mal desenvolvido, desfile de baixo de chuva, os carros tiveram dificuldade de entrar, a escola não vinha luxuosa como éramos acostumados antigamente, houve estouro de tempo em 1 minuto e esse conjunto de erros foi refletido na posição da escola: a verde e rosa terminou em 10º Lugar.

Raphael Rodrigues e Squel Jorgea no Ensaio Técnico para o Carnaval de 2015
Foto: Valéria del Cueto

Era o 3º ano de presidência de Chiquinho da Mangueira, após o carnaval, houve uma mudança em quase todo o quadro da escola, mudou carnavalesco, mudou o interprete, pois o interprete Luizito que faleceu durante o pré carnaval, mudou a comissão de frente, mudou quase tudo menos o casal, que havia trago pra escola quatro notas 10 e uma nota 9,8 que foi descartada por ser a menor nota do julgamento.

Para o ano de 2016, o carnavalesco Leandro Vieira, recém promovido da antiga Série A (Atual Série Ouro), decidiu homenagear a cantora baiana Maria Bethânia em seus 50 anos de carreira com o enredo "Maria Bethânia - A Menina dos Olhos de Oyá". Ninguém sabia o que viria para esse carnaval, ninguém colocou expectativa na escola de Mangueira, ninguém colocou expectativas no que viria para esse carnaval.

Num ensaio técnico avassalador, a Mangueira mostrou pro que vinha, mostrou que vinha para o título. Nos, meros expectadores da festa, quem esteve presente no Ensaio Técnico na Sapucaí naquela noite meia chuvosa do dia de 22 de dezembro 2015, jamais imaginaria que a Primeira Porta Bandeira da escola se tornaria a imagem do carnaval em menos de 2 meses depois do ensaio técnico.

Squel Jorgea no Desfile da Mangueira de 2016
Foto: Anderson Barros | Ego

A concentração da Estação Primeira de Mangueira foi envolta de mistérios, começando por Squel Jorgea, que chegou na concentração vestida com um roupão com capuz, se notava que ela vinha de Yao (filhos de santos recém iniciados) devido os sinais no corpo, as mas com cabelo solto, um penteado, talvez um coque e uma pena na testa.

Com o inicio do desfile, os ânimos da escola começaram lá em cima, a comunidade feliz, depois de tanto tempo, ver sua escola novamente desfilando com luxo e sofisticação, mas todos queriam saber como o casal de Mestre Sala e  Porta Bandeira viriam, já que foram envoltos de tanto mistério durante a concentração.
Squel Jorgea e Raphael Rodrigues no Carnaval de 2016
Foto: Valéria del Cueto

A então 1ª Porta Bandeira da Estação Primeira de Mangueira, entrou na Marquês de Sapucaí simplesmente CARECA, fazendo que o sambodrómo ir abaixo com aquela linda cena. A fantasia do casal representava o Axé no Candomblé, religião de Maria Bethânia.

A careca, na verdade, era uma touca de latex mas o enfeito e a comoção já tinha sido instaurada, todos ficaram encantados que uma Porta Bandeira, carregando o primeiro pavilhão de uma das maiores escolas de samba do Brasil vestida de Yaô. A Porta Bandeira contou na época numa entrevista ao finado site Ego que precisou ficar 8 horas para a preparação da sua "careca" e que foi necessário deixar cabelo com 8 dedos de cabelo e assim, literalmente, quase ficou careca.

Mesmo com o campeonato e as notas máximas que receberam em 2015 e em 2016, o casal não permaneceu juntos para o carnaval de 2017. Porém, por decisão do Mestre Sala que se desligou da Verde e Rosa e acertou o seu retorno para a Unidos de Vila Isabel.

Squel permaneceu na Estação Primeira de Mangueira e dançou até 2022 com seu tio, Matheus Olivério. O novo casal foi campeã do carnaval em 2019, com o enredo História pra Ninar Gente Grande, do carnavalesco Leandro Vieira. Após o carnaval 2022, a Porta Bandeira anunciou aposentadoria do carnaval, devido a grande exaustão de dançar há 23 anos como Porta Bandeira, 20 anos como 1ª escola de Samba. Após 1 ano parada, em meado de 2023, recebeu um convite da Portela e aceitou a voltar a dançar e irá dançar com o Mestre Sala Marlon Lamar.

Raphael depois da sua transferência para Unidos de Vila Isabel, permaneceu na escola de 2017 até 2020. Na Vila Isabel, o Mestre Sala dançou com Amanda Poblete (em 2017) e com Denadir Garcia (2018-2020). Em 2022, com a volta dos desfiles devido a pandemia de covid 19, se transferiu para Paraíso do Tuiuti que permanece até o momento dançando ao lado de Dandara Vantapane.
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