Mais uma publicação sobre os significados das fantasias dos Casais de Mestre Sala e Porta Bandeira da Série Ouro. O grupo é organizado pela Liga Independente do Grupo A do Rio de Janeiro, mais conhecido como LIGARJ e ocorre em dois dias, sexta e sábado de carnaval.
Essa publicação para o grupo foi uma novidade para o carnaval de 2025, pois tivemos acesso ao livro Abre Alas de ambos os dias de desfiles, com isso, foi possível trazer para todos o mesmo conteúdo que realizamos desde o ano passado com o Grupo Especial.
Quando vemos um casal in loco, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí ou em casa com aquelas fantasias esplêndidas, ficamos curiosos para saber qual o significado da fantasia em que os casais de Mestre Sala e Porta Bandeira estão usando. As escolas da Série Ouro, assim como no Grupo Especial tem o costume de ter entre um e três casais e a maioria das escolas do grupo conta com três casais.
Todos os casais que passaram pelas dezesseis escolas da Série Ouro vieram muito bem vestidos, mostrando o cuidado e o bom grado dos Carnavalescos com os dançarinos que tanto admiramos.
Veja a seguir o enredo, o quadro de casais e o significado das fantasias dos casais da quarta escola á desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles da Série Ouro:
A Unidos da Ponte foi uma das três escolas que foi atingida pelo incêndio na fábrica de fantasias Maximus Confecções no mês de Fevereiro, com isso, a escola desfilou em Hours Concours, ou seja, sem ser avaliada, mas nem por isso, os casais de Mestre Sala e Porta Bandeira deixaram de se apresentar.
A escola de São João de Meriti foi a quarta escola a desfilar na sexta feira de carnaval, dia 28 de fevereiro e veio com o enredo “Antropoceno: Ecos de Abya Yala em Meriti'yba”, desenvolvido pelos carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz. O enredo foi uma reflexão sobre a relação do homem com o planeta Terra, com o destaque para os desafios ambientais da atualidade.
O quadro de Casais de Mestre Sala e Porta Bandeira da Unidos da Ponte contava com dois casais, sendo o primeiro formado por Emanuel Lima e Thainara Matias e o segundo, originalmente seria Henrique Seixas e Verônica Moura, porém, Henrique sofreu um acidente indo ao ensaio técnico da escola, fazendo que a Porta Bandeira ensaiasse sozinha e no desfile, foi substituido por Fábio Rodrigues.
Primeiro Casal: Emanuel Lima e Thainara Matias
Fantasia do Primeiro Casal: Rupave e Sypave – Os Pais da Humanidade
Criação do Figurino: Guilherme Diniz e Rodrigo Marquês
Confecção: Alex Cunha
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Emanuel e Thainara no desfile da Ponte | Foto: Rafael Catarcione |
O Que Representa:
Rupave e Sypave, figuras míticas e centrais na cosmovisão indígena, representam os pais da humanidade, criadores e guardiões das primeiras formas de vida na Terra. Rupave, o pai da terra, e Sypave, a mãe dos céus, são responsáveis pela origem da humanidade e pelos ensinamentos que moldaram as tradições e sabedorias dos povos indígenas. Juntos, eles simbolizam o equilíbrio entre os elementos naturais — a Terra e o Céu — e a conexão essencial entre os seres humanos e o cosmos.
Segundo Casal: Fábio Rodrigues e Verônica Moura
Fantasia do Segundo Casal: Recriar o Mundo – A Sabedoria da Reciclagem
Criação do Figurino: Guilherme Diniz e Rodrigo Marquês
Confecção: Alex Cunha
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Fabio e Verônica no desfile da Ponte | Foto: Ronaldo Nina |
O Que Representa:
A reciclagem não é apenas um conceito moderno, mas uma filosofia profundamente enraizada nos saberes indígenas, que sempre entenderam a Terra como um lugar de regeneração constante. No universo indígena, nada se perde; tudo é transformado e reutilizado, como parte de um ciclo sagrado que respeita o equilíbrio entre a vida e o meio ambiente. A fantasia, portanto, traz uma mensagem profunda: a sabedoria dos povos indígenas, muitas vezes vista como antiga, é, na verdade, um caminho para o futuro. Recriar o mundo, segundo essa perspectiva, é resgatar as práticas de sustentabilidade
que existiram por milênios e que podem ser a chave para salvar a nossa casa comum, a Terra. Por meio da reciclagem, física e simbólica, podemos transformar a realidade e construir um mundo mais justo e equilibrado, à semelhança dos ensinamentos que nos foram deixados pelos nossos ancestrais.