Por Vitória de Moraes
Esta é a quarta publicação dos casais de Mestre Sala e Porta Bandeira que passaram pela carreira de Rosa Magalhães, a publicação de hoje é uma das mais emblemáticas passagens da carnavalesca de uma escola, a Imperatriz Leopoldinense e o casal que mais dançou sob assinatura da mesma: Chiquinho e Maria Helena. Ao decorrer do avanço das histórias, será adicionado os segundos casais que dançaram sobre a assinatura de um carnaval de Rosa e com a liga trazendo o famoso Livro Abre Alas, poderemos trazer os significados das fantasias de cada casal.
Homogeneidade de Rosa Magalhães em Ramos
Em 1999, Rosa volta a investir em temáticas históricas, com o enredo Brasil Mostra a Sua Cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae, que falava sobre a expansão de Maurício de Nassau, um alemão-holandês que comandou a expansão holandesa em Recife e que deixou marcas profundas na cidade no nordeste e em todos o Brasil, além de falar da fauna e flora brasileira. Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae significa Teatro com as coisas naturais do Brasil, uma duologia que reúne pinturas de vários artistas holandeses que exploravam o Brasil Colonial da época que os mesmos chegaram na terra tupiniquim. O desfile da escola de Ramos foi um dos melhores do ano, tendo requintes de luxo e tendo um conjunto de alegorias mais ricas do Grupo Especial. Neste ano, a Imperatriz terminou em primeiro lugar na classificação geral, numa diferença de meio ponto para a segunda colocada, a Beija Flor de Nilópolis. Esse campeonato da Imperatriz foi uma das surpresas do ano, tendo em vista que a escola não era nem cotada como as favoritas. Mais um ano o Primeiro casal que dançou sob a assinatura Rosa Magalhães foi Chiquinho e Maria Helena. O segundo casal da escola mais uma vez foi Fabrício Pires e Letícia Caetano, Letícia permaneceu em Ramos até o carnaval de 2002, quando dançou com Marcílio Diamante e não há registros de quais escolas dançou após a sair da Imperatriz, já Fabrício dançou na escola até o ano de 2001 e se consagrou como um dos grandes Mestres Salas do nosso carnaval.
Na virada do milênio, no ano 2000, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, a LIESA, propôs as quatorze escolas que fizessem um enredo em homenagem aos quinhentos anos da Descoberta do Brasil e para isso, a liga apresentou vinte e uma propostas de enredo para as quatorze escolas do grupo. Rosa Magalhães escolheu o enredo sobre a viagem que fez Pedro Álvares Cabral à “descobrir” o Brasil. O título do enredo era Quem descobriu o Brasil, foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval. Este desfile foi a volta dos desfiles irreverentes de Rosa Magalhães e da Imperatriz Leopoldinense, o que marcou o bi campeonato da escola de Ramos, o terceiro desde a inauguração do Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
Em 2001, a carnavalesca propôs o enredo Cana Caiana, Cana Roxa, Cana Fita, Cana Preta, Amarela, Pernambuco… Quero vê Descê o Suco, na Pancada do Ganzá. Num desfile vibrante, sobre a cachaça, que falou desde o produto que é matéria prima da bebida que é cana de açúcar até a associação do nome da cachaça ao celebre compositor Mangueirense Carlos Cachaça. A escola de Ramos levou dez de todos os julgadores e de todos os quesitos, se sagrando a primeira tri Campeã da era Sambódromo.
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Maria Helena no desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2001 | Foto: Acervo Liesa |
Assim como nos anos anteriores, Chiquinho e Maria Helena defendiam o Primeiro Pavilhão da escola e este ano seria o último ano que Fabrício Pires e Letícia Caetano defenderam o Segundo Pavilhão da Imperatriz Leopoldinense.
No ano de 2002 o enredo da escola de Ramos era Goitacazes… Tupi or not Tupi in a South American Way, uma homenagem aos indígenas da tribo Goitacazes, que viviam na região que hoje é conhecida como Campos dos Goytacazes e que foi dizimada propositalmente pelos Portugueses, que trouxeram Varíola para a região e que se tornou uma epidemia da doença na região, além de ser uma critica ao modelo American Way Of Life, o famoso estilo de vida americano. Rosa optou falar dos nativos canibais associando ao movimento antropofágico, passando por obras como O Guarani, Macunaíma, Iracema e fechando o carnaval com Carmem Miranda e Chacrinha. A escola fez um desfile correto e compacto, com uma Comissão de Frente marcante de Fábio de Mello que mais uma vez levou dez de todos os julgadores. A escola terminou em terceiro lugar na classificação geral.
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Chiquinho e Maria Helena no desfile de 2002 | Foto: Wigder Frota |
Houve uma estreia na função de Segundo Mestre Sala, quando Marcílio Diamante, cria da Mocidade Independente de Padre Miguel e moldado pela brilhante Porta Bandeira Soninha, foi convidado para ser par de Letícia Caetano. Marcílio se formou na icônica escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio, tendo passagens por escolas como Flor de Magé, Imperatriz do Fore (ES), Inocentes de Belford Roxo, Sereno de Campo Grande, União de Jacarepaguá e Unidos da Tijuca. Seu par era Letícia Caetano, que estava na Imperatriz desde o carnaval de 1998 e este ano seria seu último carnaval defendendo o Segundo Pavilhão da escola de Ramos.
Em 2003, Rosa Magalhães fez jornada dupla no carnaval, neste ano fez os carnavais da Barroca Zona Sul ao lado de Mauro de Oliveira no carnaval de São Paulo, onde fez sua estreia e permaneceu na Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro.
Na Barroca Zona Sul, dividiu o desfile com Mauro de Oliveira e juntos desenvolveram o enredo De Três Corações a Coroação. Quem Sou Eu? Rei Pelé, uma homenagem a Edson Arantes do Nascimento, o maior futebolista de todos os tempos, que atuou uma vida inteira pelo Santos Futebol Clube como atacante. O primeiro casal da escola da Zona Sul na época era Leonardo e Rosemeire, não há registros quais escolas que o casal veio ou se vinham de uma longa passagem pela escola, porém, este carnaval foi o último ano do casal na escola do centro sul da capital paulista. A Barroca Zona Sul terminou em em décimo quarto lugar e foi a primeira passagem da carnavalesca fora do Rio de Janeiro.
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Chiquinho e Maria Helena no desfile da Imperatriz em 2003 | Foto: Wigder Frota |
Já na Imperatriz Leopoldinense, Rosa Magalhães propôs o enredo Nem Todo Pirata Tem a Perna de Pau, o Olho de Vidro e a Cara de Mau, que falava dos piratas de muitas formas e épocas. Pra tirar o esteriótipos que a escola ganhou de certinha e de sem empolgação, a escola veio com fantasias e alegorias alegres e coloridas, leves e bem humoradas, além de um samba enredo que ganhou a cidade por ter um apelo popular. Esse desfile seria especial, pois Chiquinho e Maria Helena, mãe e filho, completariam 20 anos defendendo o Primeiro Pavilhão da escola. Como os relatos são vagos na internet, nem todos os casais eu consigo achar suas passagens, assim como na nova Segunda Porta Bandeira da Imperatriz neste ano, neste caso, o nome é Elisangela, que a única informação obtida é que permaneceu até 2005 na Imperatriz Leopoldinense ao lado de Marcílio Diamante. Na classificação geral, a escola terminou em quarto lugar, retornando no desfile das campeãs.