Por Vitória de Moraes
Rosa Lúcia Benedetti Magalhães nascida em 8 de Janeiro de 1947, no Rio de Janeiro, quando a cidade carioca ainda era capital do Brasil. Em mais de 50 anos de carreira contribuiu pra diversos títulos de escolas de samba e se tornando também a detentora de mais títulos da Era Marquês de Sapucaí.
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Rosa Magalhães na Imperatriz, onde marcou história como Carnavalesca | Foto: Widger Frota |
Através de seu talento único, a professora, como carinhosamente ficou conhecida no mundo do samba, por ser formada em Pintura pela Escola de Bellas Artes, vinculada a UFRJ e Cenografia pela Unirio, fez diversos figurinos de célebres casais que passaram no carnaval carioca.
Na série de publicações que se inicia hoje, teremos todos os casais que passaram na trajetória da Grande Professora. As publicações serão divididas por décadas e traremos o máximo de esforço para trazer todos os casais que trabalharam e tiveram suas vestimentas criadas pela professora Rosa Magalhães.
Assim que possível, trarei através do Livro Abre Alas, os significados de cada fantasia utilizados pelos casais nos desfiles de Rosa.
Início da Carreira e Primeiros Trabalhos
Rosa iniciou sua carreira sendo assistente dos icônicos carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pomplona, em 1970, no Acadêmicos do Salgueiro, escola da Zona Norte do Rio de Janeiro. No ano seguinte, em 1971, se manteve na equipe que elaborou o famoso enredo | desfile da Vermelha e Branca da Tijuca Festa Para um Rei Negro que foi campeã do carnaval carioca naquele ano.
Passou pela Beija Flor de Nilópolis e Portela, onde ajudou os carnavalescos Lícia Lacerda e Hiram Araújo a desenvolver em algum momento os carnavais das escolas de Nilópolis e de Oswaldo Cruz e Madureira.
Seu primeiro ano como carnavalesca foi em 1974, na Beija Flor de Nilópolis, com enredo Brasil Ano 2000 que foi uma projeção Brasil no ano de 2000 e que foi desenvolvido junto com o carnavalesco Manuel Antônio Barroso. O primeiro casal da Escola de Samba no ano era China e Zequinha, não há muita informação do casal. Os desfiles deste ano haviam sido transferidos para avenida Presidente Antônio Carlos, avenida que fica próximo ao Aeroporto do Rio de Janeiro, mais conhecido como Santos Dumont, na Zona Central carioca. A posição final da escola foi um sétimo lugar, no qual manteve a escola no Grupo Especial.
A carnavalesca ficou dois anos ausentes do carnaval, sendo eles 1975 e 1976, quando pra o carnaval de 1977, a Portela convidou a Carnavalesca para retornar ao carnaval, conquistando um vice campeonato pela escola de Oswaldo Cruz e Madureira com o enredo Festa da Aclamação, festa que ocorreu entre os dias 12 e 21 de outubro de 1818, no então Reino do Brasil. A história foi extraída do raro livro "As Memórias Para Servir à História do Brasil-Reino" do autor Luiz Gonçalves dos Santos, mais conhecido como Padre Perereca. O primeiro casal da Portela na época é o icônico casal Benicio e Vilma Nascimento, que marcaram história da Portela e no carnaval carioca, principalmente Vilma por ter recebido o título de Cisne da Passarela devido a sua elegância ao dançar e por ousar no carnaval, como desfilar de cabelo pintado de cor de ouro ao invés de sair com uma peruca, como era costume na época. A Porta Bandeira também inovou ao incluir na indumentária um talabarte para apoiar o mastro na dança, já que era comum as Porta Bandeiras na época dançaram o mastro apoiado na cintura e saírem das desfiles com suas cinturas sangrando, além disso, estrela talabarte não era com conhecemos atualmente, preso na cintura e sim no ombro. São muitas histórias e não terminamos agora. Permaneceu na Portela até 1978, com um enredo Mulher à Brasileira, no qual exaltava as mulheres do nosso país. Este enredo foi desenvolvido junto com os carnavalescos Hiran Araújo e Lícia Lacerda.
Rosa Magalhães ficou até o ano de 1981 sem trabalhar, quando foi convidado pelo Império Serrano para fazer um dos carnavais mais memoráveis do carnaval carioca, Bum Bum Paticumbum Prugurundum em 1982 que fez ao lado de Lícia Lacerda. O enredo é uma história a parte, pois foi um enredo sugerido pelo carnavalesco Fernando Pamplona após ouvir uma entrevista de Ismael Silva que explicou a diferença entre o Maxixe, que era praticado pelos compositores Donga e João da Baiana e o samba do Estácio. O enredo foi desenvolvido pelas duas a partir de uma concepção: as três fases da história do carnaval a partir dos locais que os desfiles eram realizados. As três fases foram:
- Primeira Era ou Fase Autêntica: Quando os desfiles eram realizados na Praça Onze, onde é considerado o berço do samba carioca por abrigar a casa da Tia Ciata.
- Segunda Fase ou Fase de Interação: Quando os desfiles eram realizados com o início na frente a igreja de Nossa Senhora da Candelária no sentido Central do Brasil, no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.
- Terceira Fase ou Marquês de Sapucaí: Quando os desfiles seriam realizados no Sambódromo da Sapucaí, local onde abrigariam todas as escolas de samba a partir do ano de 1984 e ficou conhecido como Super Escola de Samba S.A.
Já o título da enredo é outra história a parte, pois veio para as mãos das carnavalescas com o nome Praça Onze, Candelária, Sapucaí, porém a professora sugeriu a mudança de nome do título do enredo, o que não agradou as pessoas da própria escola, que resistiram a mudança por um mês, porém, a história vocês já conhecem e a mudança foi aceita e se tornou antológica o título do enredo. O primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira da escola da Serrinha era Sérgio Jamelão e Mariazinha. Sérgio por exemplo, passou por momentos antológicos no Império Serrano, desfilando em enredos marcantes como Mestre Sala em enredos como Aquarela Brasileira em 1964 e Heróis da Liberdade, que passou na avenida em 1969, dois icônicos enredos e desfiles do Império Serrano. Já Mariazinha foi uma das grandes Porta Bandeiras da história do Império Serrano, no qual no ano de sua estreia, em 1982, foi campeã ao lado de Sérgio. Embora sua passagem tenha sido breve como Primeira Porta Bandeira da escola da Serrinha, ficando até 1984, ficou marcada pela sua elegância de dançar. Graças as duas carnavalescas, o Império Serrano foi campeã do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro pela última vez neste ano.
Parabéns pelo texto e pelo seu trabalho minha filha, vc me enche de orgulho
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