Por Vitória de Moraes
Dando continuidade as publicações dos casais de Mestre Sala e Porta Bandeira que passaram pela carreira de Rosa Magalhães, a publicação de hoje é uma das mais emblemáticas passagens da carnavalesca de uma escola, a Imperatriz Leopoldinense e o casal que mais dançou sob assinatura da mesma: Chiquinho e Maria Helena.
Chegada em Ramos, retorno ao Salgueiro e retorno à Ramos.
Após um ano sabático, que foi no ano de 1983, a dupla Rosa Magalhães e Lícia Lacerda que foram campeãs pelo Império Serrano, chegaram a Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 1984 para desenvolver o enredo Alô, Mamãe, que foi inspirado no primeiro discurso do então Deputado Federal Agnaldo Timóteo. O Primeiro Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira que trabalharam com as carnavalescas foi o casal que se tornaria um dos mais célebres da história do carnaval e que estava estreando na escola de Ramos naquele ano como par: Chiquinho e Maria Helena, para quem não sabe, é mãe e filho. Anteriormente já contamos a história dos dois aqui no site no quadro Mestre Sala | Porta Bandeira Lendários, mas sempre é bom relembrar quem foram esses ícones do carnaval. Maria Helena estreou no ofício bem cedo, com apenas 17 anos de idade, em 1965, quando estreou como Porta Estandarte do Bloco “Quem Quiser Pode Vir”, que saia no bairro da Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro. Lá ela conheceu o lendário Mestre Sala Bagdá, no qual ensinou a Maria a nobre arte a Porta Bandeira. Em 1971, seis anos depois de ter aprendido a dança de Porta Bandeira, Maria Helena assumiu o primeiro pavilhão da Unidos da Ponte, onde dançou até o ano de 1974. Teve passagens por Unidos da Tijuca, Império da Tijuca, teve sua primeira passagem pela Imperatriz Leopoldinense em 1978 mas como Segunda Porta Bandeira e também passou pela União da Ilha do Governador. Em 1982 chegou novamente na Imperatriz Leopoldinense pra dançar como Primeira Porta Bandeira ao lado do seu grande mestre, Mestre Bagdá. A parceria só durou um ano. No ano seguinte, passou a dançar com seu filho. Chiquinho e nunca mais parou.
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Chiquinho e Maria Helena o casal que mais dançou sob assinatura de Rosa Magalhães | Desfile de 1995 da Imperatriz Leopoldinense | Foto: Ricardo Funari |
Chiquinho nunca quis ser Mestre Sala e sim ritmista mas por influência da mãe, começou a aprender a sua arte. Sua primeira escola de samba como Mestre Sala foi a União do Governador no ano de 1981, atuando como segundo mestre da Tricolor Insulana. Neste mesmo ano, sua mãe atuava como Primeira Porta Bandeira da Ilha. No ano seguinte, assim como Maria Helena, se transferiu pra Imperatriz Leopoldinense, dançou somente este ano como segundo Mestre Sala, logo foi promovido a Primeiro Mestre Sala para dançar com a mãe e fez história na escola de Ramos. Chiquinho e Maria Helena permaneceram na Imperatriz Leopoldinense até o carnaval 2005, sendo um dos casais que mais dançaram sob uma assinatura da carnavalesca e multi campeões com a mesma.
O último carnaval em que o icônico casal dançou sob a assinatura de Rosa Magalhães foi em 2005, quando o enredo da Imperatriz Leopoldinense foi Uma Delirante Confusão Fabulística, uma homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Anderson, que foi autor de diversos contos que fizeram parte da nossa infância como “O Patinho Feio” e ”A Pequena Sereia”.
Depois de um ano na Imperatriz Leopoldinense, Rosa se transferiu junto com sua dupla, Lícia Ferreira para a recém fundada Tradição para fazer o que conhecemos hoje como uma comissão de carnaval. Em 1985, escola do Campinho estava no Grupo 2-B o que hoje conhecemos como Série Bronze e teve um time fortíssimo para conduzir seu Carnaval: Maria Augusta, Viriato Ferreira, Paulinho Espírito Santo, Edmundo Braga. O enredo da escola era Pelas Terras do Pau-Brasil - Xingu, Pássaro Guerreiro. Este enredo é uma homenagem ao povo indígena e um alerta sobre os povos originários que viviam na região do Xingu, que pertence ao estado do Pará, na Região Norte do Brasil.
O casal que defendia o Primeiro Pavilhão da escola do Campinho era Paulo Roberto e Lúcia, não há muita informação sobre a Porta Bandeira, pela única informação obtida é que defendeu somente este ano um pavilhão de escola de samba mas Paulo Roberto se tornou um dos icônicos e mais respeitados Mestres Salas do nosso carnaval. O Mestre Sala tem passagens por escolas como Portela, São Clemente, União da Ilha do Governador e Unidos da Tijuca.
Assim como a carnavalesca, Paulo Roberto permaneceu na escola até o carnaval de 1986 porém com outra Porta Bandeira, Regina e assim como a Porta Bandeira anterior, não se tem muita informação sobre as carreira da mesma. O enredo da escola do Campinho era Rei Senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô, que falava sobre o habitat natural do povo do povo negro, a travessia e o grito de liberdade.
Em 1987, Rosa Magalhães permaneceu na escola com o casal Paulo Roberto e Regina e neste ano o enredo da escola foi Sonhos de Natal, uma homenagem ao respeitado Patrono da Portela, Natalino José do Nascimento, seu Natal da Portela. Este ano foi o último ano da carnavalesca na Tradição.
Além de fazer o carnaval na Tradição no Grupo de Acesso em 1987, a carnavalesca também fez o carnaval da Estácio de Sá no Grupo Especial ao lado da Carnavalesca Lícia Lacerda neste ano. O enredo foi o icônico TiTiTi do Sapoti, que falava sobre o burburinho que surge na Sapucaí antes de uma escola de samba entrar na avenida. O casal que defendia o Pavilhão da escola do Morro do São Carlos era Nedinho e Isaura.
A Rosa Magalhães se manteve somente na escola do Estácio de Sá nos anos seguintes, 1988 e 1989 e pela primeira vez fez seus primeiros trabalhos solos na sua carreira. Desde a sua estreia como carnavalesca em 1974, Rosa vinha trabalhando com Lícia Lacerda.
Em 1988, a carnavalesca explorou o tema O Boi da Bode, onde a escola Estácio teve como foco central o Boi. A abordagem da carnavalesca percorre diversas manifestações culturais que têm o animal como personagem principal, ressaltando a riqueza e a tradição do Brasil. O casal que defendia o pavilhão da escola do São Carlos era Bicho Novo e Cristiane, porém não há informação sobre o casal a não ser esse único ano que defenderam o pavilhão Estaciano.
Em 1989, Rosa decidiu que traria como enredo um dos pratos mais populares do nosso país, Feijão e Arroz, com o enredo Um, Dois: Feijão com Arroz. O casal que defendia o primeiro pavilhão da escola do Estácio era Alex e Irene e assim como o casal anterior, não se sabe quais escolas haviam vindo, somente que defenderam em um único ano o Primeiro Pavilhão da Estácio de Sá.
No ano de 1990 retornou como Carnavalesca à escola que um dia iniciou sua trajetória no carnaval como assistente, o Acadêmicos do Salgueiro. O enredo que Rosa trouxe ao Sambódromo da Marquês de Sapucaí o enredo Sou Amigo do Rei, que contava a história do rei francês Carlos Magno e os seus cavaleiros que eram apelidados como os dois pares da França.
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Elcio PV e Dóris no Acadêmicos do Salgueiro em 1990 | Foto: Arquivo Pessoal |
O casal que defendia o primeiro pavilhão era o icônico casal Élcio PV e Dóris. Élcio iniciou sua carreira como Mestre Sala no ano de 1973, quando foi convidado pela Estação Primeira de Mangueira para substituir o Mestre Delegado que precisou de afastar da função devido a problemas de saúde e Élcio nunca mais parou de dançar, teve passagens por escolas como teve passagens por escolas como Acadêmicos do Grande Rio, Beija Flor de Nilópolis e Unidos da Tijuca. A última escola que dançou na carreira foi o Acadêmicos de Santa Cruz. Dóris foi uma grande companheira de Élcio, tanto na dança tanto na vida, iniciou sua carreira como Porta Bandeira ao lado do Mestre Sala na Estação Primeira de Mangueira e percorreu toda sua trajetória nas mesmas escolas que o Mestre Sala. Já o segundo casal da escola Tijucana era Vanderli e Taninha, que posteriormente assumiria o primeiro pavilhão da escola.
Se manteve na escola da Tijuca no ano de 1991, com o enredo Manso não se Passo pela Rua do Ouvidor, uma homenagem ao famoso logradouro situado na zona central do Rio de Janeiro, no qual se sagrou vice campeã do carnaval carioca. O casal que defendia o primeiro pavilhão na vermelha e branca era o icônico casal Ronaldinho e Rita Freitas. Ronaldinho aprendeu desde muito cedo a arte do Mestre Sala, pois seu pai Elbio Serafim Teixeira, excercia a função e passou para seu filho. Foi um dos icônicos Mestres Salas do da nossa festa, ganhou cinco estandartes de ouro, um dos prêmios da nossa festa. Teve passagens por escolas além do próprio Acadêmicos do Salgueiro, Acadêmicos do Cubango, Acadêmicos do Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Império da Tijuca, União da Ilha do Governador e Unidos da Ponte. Rita Freitas além de ser uma das lendárias Porta Bandeiras do nosso carnaval, trouxe inovações para nossa festa, por ser a Primeira Porta Bandeira à dançar com a mão solta, que anteriormente era usado a mão na cintura, além de promover treinamentos para casais de Mestres Salas e Porta Bandeiras na nossa festa. Era a sua segunda passagem de Rita no Acadêmicos do Salgueiro, onde estreou em 1983 e teve passagens por escolas com Acadêmicos do Grande Rio e Império Serrano e encerrou sua carreira na escola Tijucana em 2006. A Porta Bandeira ganhou o seu terceiro estandarte na carreira em 1998.
Como dito anteriormente, o casal que mais teve fantasia assinada por Rosa foi Chiquinho e Maria Helena, que dançaram no carnaval de 1984 e de 1992 até 2005 na escola de Ramos. Porém, durante este período houveram enredos e segundos casais que dançaram sob a assinatura da professora.
O ano de 1992 marcou o seu retorno à Imperatriz Leopoldinense, o enredo que desenvolveria na escola de Ramos seria Não Existe Pecado do Lado de Baixo do Equador, no qual celebraria os 500 anos da descoberta do continente americano. Não há registro do segundo casal que dançou na escola de Ramos na época.
Quer saber mais registros? Teremos mais publicações em breve.