Mestres Salas Lendários: Chiquinho

Por Vitória de Moraes

José Francisco de Oliveira Neto, um dos maiores Mestres Salas do seu tempo, marcou uma geração ao introduzir passos lentos e o moonwalk* durante as suas apresentações. Mas você sabe quem é José Francisco? Ele nada mais nada menos que é Chiquinho, lendário Mestre Sala que dançou por mais de 20 anos na Imperatriz Leopoldinense ao lado de sua mãe, Maria Helena.

Chiquinho em uma homenagem da Imperatriz Leopoldinense | Foto: Nelson Malfacini

Chiquinho nasceu em 02 de Novembro de 1963, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Maria Helena Rodrigues e Sebastião Rodrigues, viu a dificuldade desde muito cedo em sua vida, com o abandono do pai, viu sua vida virar do avesso logo ao nascer, quando foi morar na rua com a mãe.

Falar de Chiquinho é falar de Maria Helena. E vice e versa. A história dos dois na história do carnaval se entrelaçam. Com o avanço da vida e a morte do pai de Chiquinho, que pouco tinham contato, Maria Helena e o filho foram morar na Grota, comunidade localizada no Complexo do Alemão. 

Não se sabe ao certo como Maria Helena aprendeu a dançar, porém, sabe-se onde ela começou a dançar. A Porta Bandeira saia num bloco chamado “Quem Quiser Pode Vir”, que saia no bairro suburbano da Pavuna, que durante a adolescência, Chiquinho a acompanhava durante os ensaios noturnos da mãe. Foi lá que conheceu um dos célebres Mestres Salas do Carnaval, chamado Julvêncio Oscar de Oliveira, mais conhecido como Bagdá, que fez história na Portela.

Devido a proximidade a escola Imperatriz Leopoldinense, mãe e filho passaram a frequentar a escola localizada em Ramos, mal sabendo que aquele chão mudariam suas vidas pra sempre.

Maria Helena chamou a atenção da escola de Ramos e foi convidada a dançar como Segunda Porta Bandeira ao lado de Tiãozinho. Foi vice campeã na escola de Ramos.

Chiquinho, apesar de muitas pessoas acharem que sim, não gostava de dançar. Isso mesmo que você está lendo. Ele se tornou um dos maiores Mestres Salas do Carnaval carioca por influência da mãe, que o convenceu a dançar. 

O atuação de Maria Helena chamou atenção do então presidente da União da Ilha do Governador, Paulo Amargoso, que convidou a Porta Bandeira para dançar na escola. Ela permaneceu na escola da Ilha do Governador por três anos, de 1979 até o ano de 1981, dançando ao lado do Mestre Sala Robertinho. Na mesma época em que a mãe estava na Ilha do Governador, começou a ser preparado para ser Mestre Sala, queria ser ritmista, mas foi impedido.

No ano de 1981, quando tinha apenas 17 anos, assumiu o Segundo Pavilhão da União da Ilha do Governador, escola que a sua mãe era Primeira Porta Bandeira.

Após este carnaval, Maria Helena deu a luz a sua segunda filha, uma menina chamada Elisangela e foi convidada a retornar a Imperatriz Leopoldinense.

Chiquinho e Maria Helena durante o desfile de 1995, se sagrariam campeões do ano | Foto: Ricardo Funari

Após um ano brilhante na União da Ilha do Governador, o Mestre Sala foi convidado pra dançar na Imperatriz Leopoldinense como Segundo Mestre Sala em 1982 e ali marcaria história. Permaneceu somente um ano exercendo a função e logo foi promovido, dançando ao lado de sua mãe. Lá ganhou seis títulos pela escola de Ramos, três Estandartes de Ouro como Melhor Mestre Sala.

Foi campeão nos anos de 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001, colaborando com todos os títulos da escola de Ramos, perdendo 1 ponto em todos esses anos.

Teve uma saída dramática da escola de Ramos em 2005, após perder meio ponto no julgamento, foram dispensados, sendo culpabilizados pela perca do título.

Sua última escola no Rio de Janeiro foi a Alegria da Zona Sul, no ano de 2007 ao lado de Maria Helena.

Fora do Rio de Janeiro, o lendário Mestre Sala dançou encerrou a carreira pela escola Unidos da Vila Mamona, escola do município de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, na divisa do Brasil com a Bolívia. Foi campeão em 2012 e encerrou a carreira no ano seguinte.





Observações:

*Moowalk é um icônico passo de dança que ficou mundialmente conhecido após Michael Jackson excecutá-la durante um especial de TV em 1983 que nada mais é, o dançarino deslizando para trás.

Postagem Anterior Próxima Postagem