Significado da Fantasia dos Casais de Mestre Sala e Porta Bandeira do Acadêmicos do Salgueiro 2024

 Por Vitória de Moraes

Quando vemos um casal in loco, no Sambodrómo da Marquês de Sapucaí ou em casa com aquelas fantasias esplêndidas, ficamos curiosos para saber qual o significado da fantasia em que os casais de Mestre Sala e Porta Bandeia estão usando. As escolas do Grupo Especial tem de um a três casais, exceto a Beija Flor de Nilópolis que tem quatro, porém, todos os casais que passaram no Grupo Especial vieram muito bem vestidos tanto no seus ensaios técnicos, tanto no desfile oficial.

Veja a seguir o enredo, o quadro de casais e o significado das fantasias dos casais da terceira escola à desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles do Grupo Especial:

Acadêmicos do Salgueiro

O Acadêmicos do Salgueiro foi a terceira escola a desfilar no dia 11 de fevereiro, no domingo, na primeira noite de grupo especial do carnaval de 2024. A escola do Andaraí, Zona Norte do Rio de Janeiro, vem de uns anos com resultados abaixo do esperado e vinha com um enredo "Hutukara", desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira e com a pesquisa da sinopse realizada por Edson Pereira e Igor Ricardo que homenageava o povo indigena Yanomamis e falava sobre aquecimento global, desmatamento e outras ações do homem que impactam diretamente na vida dos indígenas.

O quadro de casais de Mestre Sala e Porta Bandeira do Acadêmicos do Salgueiro contava com três casais, sendo o primeiro casal formado pelo Mestre Sala Sidclei Santos e a Porta Bandeira Marcella Alves, segundo casal formado pelo Mestre Sala Leonardo Moreira e a Porta Bandeira Barbara Mylena e o terceiro casal formado pelo Mestre Sla Leonam Santos e a Porta Bandeira Beatriz Paula, porém o terceiro casal não desfilou.

Primeiro Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Sidclei Santos e Marcella Alves
Fantasia do Primeiro Casal: Yãkoana
Criação do Figurino: Edson Pereira
Confecção: Fernando Magalhães

Sidclei Santos e Marcella Alves - o Primeiro Casal do Acadêmicos do Salgueiro | Foto: Marco Terranova

O primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira do Acadêmicos do Salgueiro, Sidclei Santos e Marcella Alves representaram o pó alucinógeno yãkoana, no qual é usado nos cultos dos xamãs na Terra Indígena Yanomami. A substância é feita com base da resina de fragmentos internos da casca da árvore yakoana hi. É a partir da aspiração deste pó com coloração avermelhada que os nativos encontram os xapiris, os defensores da floresta. Estas divindades de luz mostram as mensagens de Omama para o destino dos xamãs através dos cantos, colhidos das “árvores sábias”, que se localizam nas remotas da Hutukara. Marcella e Sidclei transportam a outro estado de espírito, criando um caminho para a evocação dos espíritos xapiris. 

Segundo Casal: Leonardo Moreira e Barbara Mylena
Nome da Fantasia: Ara amoku (cogumelos) 
Criação do Figurino: Edson Pereira 
Confecção: Fernando Magalhães 

Leonardo Moreira e Barbara Mylena no desfile 2024 | Foto: Nobres Casais

Desde os tempos primórdios, os descendentes dos Yanomami consumiam cogumelos, sobretudo, na ocasião que não encontravam caça. O segundo casal do Acadêmicos do Salgueiro, Leonardo Moreira e Barbara Mylena, representam, figuradamente, o livro “Ana Amopö: Cogumelos Yanomami", no qual foi o primeiro da classe sobre cogumelos comestíveis divulgado no Brasil. Além de ajudar a manter viva a língua Yanomami, este trabalho proporciona uma conversa entre os conhecimentos indígenas através dos alimentos e os conhecimentos científicos, além de fortalecer a contribuição para o cuidado da floresta e da biodiversidade. A obra é um marco e ganhou o prêmio Jabuti, em 2017, na categoria gastronomia. A premiação é a mais tradicional de literatura do Brasil, concedida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).

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