Por Vitória de Moraes
Quando vemos um casal in loco, no Sambodrómo da Marquês de Sapucaí ou em casa com aquelas fantasias esplêndidas, ficamos curiosos para saber qual o significado da fantasia em que os casais de Mestre Sala e Porta Bandeia estão usando. As escolas do Grupo Especial tem de um a três casais, exceto a Beija Flor de Nilópolis que tem quatro, porém, todos os casais que passaram no Grupo Especial vieram muito bem vestidos tanto no seus ensaios técnicos, tanto no desfile oficial.
Veja a seguir o enredo, o quadro de casais e o significado das fantasias dos casais da terceira escola à desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles do Grupo Especial:
Acadêmicos do Salgueiro
Fantasia do Primeiro Casal: Yãkoana
Criação do Figurino: Edson Pereira
Confecção: Fernando Magalhães
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Sidclei Santos e Marcella Alves - o Primeiro Casal do Acadêmicos do Salgueiro | Foto: Marco Terranova |
O primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira do Acadêmicos do Salgueiro, Sidclei Santos e Marcella Alves representaram o pó alucinógeno yãkoana, no qual é usado nos cultos dos xamãs na Terra Indígena Yanomami. A substância é feita com base da resina de fragmentos internos da casca da árvore yakoana hi. É a partir da aspiração deste pó com coloração avermelhada que os nativos encontram os xapiris, os defensores da floresta. Estas divindades de luz mostram as mensagens de Omama para o destino dos xamãs através dos cantos, colhidos das “árvores sábias”, que se localizam nas remotas da Hutukara. Marcella e Sidclei transportam a outro estado de espírito, criando um caminho para a evocação dos espíritos xapiris.
Criação do Figurino: Edson Pereira
Confecção: Fernando Magalhães
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Leonardo Moreira e Barbara Mylena no desfile 2024 | Foto: Nobres Casais |
Desde os tempos primórdios, os descendentes dos Yanomami consumiam cogumelos, sobretudo, na ocasião que não encontravam caça. O segundo casal do Acadêmicos do Salgueiro, Leonardo Moreira e Barbara Mylena, representam, figuradamente, o livro “Ana Amopö: Cogumelos Yanomami", no qual foi o primeiro da classe sobre cogumelos comestíveis divulgado no Brasil. Além de ajudar a manter viva a língua Yanomami, este trabalho proporciona uma conversa entre os conhecimentos indígenas através dos alimentos e os conhecimentos científicos, além de fortalecer a contribuição para o cuidado da floresta e da biodiversidade. A obra é um marco e ganhou o prêmio Jabuti, em 2017, na categoria gastronomia. A premiação é a mais tradicional de literatura do Brasil, concedida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).