Por Vitória de Moraes
Iniciando a partir de hoje uma série de textos no qual tende a contar sobre os lendários Mestres Salas e Porta Bandeiras que deixaram um legado na história no carnaval do Rio de Janeiro. Alguns desses históricos Mestres Salas e Porta Bandeiras nem chegaram a pisar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí (que neste ano está completando 40 anos de fundação) executando a sua função, mas ainda sim, contribuíram tanto para que a arte dos casais fosse tão respeitada e valorizada como é hoje.
Neide em 1968 - Foto: Geraldo Viola |
A primeira Porta Bandeira Lendária a ser lembrada, é Neide Gomes Santana, mais conhecida como Neide da Mangueira. Nascida em torno da década de 40, não se sabe ao certo nem o mês e nem o ano que Neide nasceu, uma fonte cita o seu nascimento em 18 de julho de 1947, outros citam que ela nasceu em 1940. A única coisa certa é que essa preciosidade nasceu e foi criada entre os becos e vielas do Morro de Mangueira.
Ela não era uma pessoa comum, era uma joia quase rara no qual todos paravam para admirar e aplaudir. Altiva, imponente, olhar determinado e com um sorriso que fazia todos a sua volta te admirarem, Neide era uma Porta Bandeira que todos se encantavam só de chegar em algum ambiente. Quando a viam dançar, via-se a realização de um sonho de toda menina de Mangueira, era como se o mundo girasse ao seu redor.
Neide trazia consigo a convicção de que uma Porta Bandeira e um Mestre Sala não deveriam se transferir para outra escola e assim como ela, deveria permanecer na sua escola até o fim de sua vida, por mais alto fosse o valor oferecido para a sua transferência. Neide foi literalmente, a personificação da devoção e do amor de uma Porta Bandeira por uma escola de samba. Ela literalmente nasceu, viveu e morreu para Estação Primeira de Mangueira.
Neide em ano desconhecido - Foto: Claudia Ferreira |
Ela assumiu o posto de Primeira Porta Bandeira da Verde e Rosa em 1954 e permaneceu até 1980, sendo uma das Porta Bandeiras que permaneceu mais tempo na Estação Primeira de Mangueira, num total de 26 anos.
Entrou num "ranking" de Porta Bandeiras por ter dançado mais tempo em uma escola de Samba ao lado de Mocinha, Selminha e Rafaela Theodoro. Mocinha é a 1ª Porta Bandeira desse, por ter ficado 36 anos na Estação Primeira de Mangueira, revezando entre as funções entre Primeira e Segunda Porta Bandeira da Verde e Rosa.
Neide dançou ao lado de alguns Mestres Salas, como Zequinha, Élcio PV, Roxinho, Robertinho e Roxinho, mas foi com Delegado, que dançou entre 1954-1971 e 1978–1980 (o primeiro e último Mestre Sala com quem dançou) quem criou história. Neide e Delegado são considerados até hoje um dos melhores casais de Mestre Sala e Porta Bandeira de todos os tempos.
Em 26 anos de Estação Primeira de Mangueira, Neide foi Hexa Campeã pela escola, contribuiu para os títulos de 1954 (ano de sua estreia como Porta Bandeira), 1960, 1961, 1967, 1968 e 1973 e foi vice campeã nos anos de 1955, 1963, 1966, 1969, 1972, 1975, 1976 e 1978.
Neide em ano desconhecido - Foto: Tantos Carnavais |
Entre as décadas 60 e 70, travou a disputa com Vilma Nascimento, da Portela, pelo título de melhor porta-bandeira do carnaval carioca. Neide se tornou penta campeã do Prêmio Estandarte de Ouro, sendo a primeira (e por enquanto a única) Porta Bandeira a ganhar cinco estandartes seguidos dos anos de 1972 (ano de estreia do prêmio) à 1976.
A Porta Bandeira descobriu que havia um C.A no útero, no qual ela não deixava em que pessoas soubessem para que não à impedissem de desfilar pela sua escola de coração. A Porta Bandeira faleceu em 5 de junho de 1980, (embora muitos sites creditem como tendo sido em 1981), após uma vida inteira dedicada a Verde e Rosa.